Cantando sobre os Ossos

De onde vem e qual é a natureza mais profunda de uma mulher? Quantas vezes nós, mulheres do século XXI, ouvimos, vemos, lemos sobre quem, como e para quem devemos ser. E quantos não foram os séculos que já se passaram na incessante tentativa de apagar qualquer resquício instintivo presente no nosso corpo e alma.

No livro, Clarissa dá uma lista de sintomas que sofrem aquelas que se desconectaram da Mulher Selvagem (arquétipo que, no meu entendimento, fala sobre o conhecimento da alma, sobre a origem do feminino, tanto na mulher quanto no coletivo). Desde preocupar-se em demasia com a opinião alheia até o receio de aventurar-se, a lista é grande (vou colocar tudo nos Stories). E para retomar essa conexão? A certeza é que não é fácil, não acontece da noite para o dia e é contraindicado para quem não se dispõe a sentir um pouco de desconforto ao longo do caminho.

Para ficar bem claro: nada disso significa que você não vá usar salto ou usar a internet ou ainda que deva sair por aí correndo com lobos. Tem mais a ver com essência, saber quem são essas mulheres que nos habitam, fazer as pazes com talentos e defeitos, ter segurança de quem somos, acessar nossa sabedoria interna, entender nossos ciclos, mexer com a terra quando sentirmos necessidade, entrar numa cachoeira, colocar os pés na grama, na areia.

Apesar de não negar as tecnologias, a civilização, a sociedade, não há dúvidas de que essa conexão se dá por meio da natureza. Não é por acaso que a chamamos de Mãe Natureza, Mãe Terra e que está sempre no feminino. Principalmente quando compreendemos que tudo e todos estamos conectados. E não é uma exclusão do masculino ou dos homens, quando o que é dito aqui também pode ser aplicável ao feminino presente em cada homem, que foi igualmente diminuído, massacrado e quase extinto.

Para curar esses sintomas e entrar nas profundezas do que é ser mulher, o livro traz histórias que se assemelham em muitas culturas, que foram contadas por tantos séculos e aos poucos foram deturpadas até se esvaírem todos os significados. Clarissa as traz em sua forma mais pura, com os devidos ensinamentos. E se hoje temos acesso a isso, é por que mulheres que vieram antes de nós se recusaram a se calar, buscando toda brecha para passar adiante sua arte, sua literatura, suas canções, suas histórias. Essa foto representa essa força ancestral. A da foto, que me deu a vida, é uma delas, a que mais amo e admiro. Vamos aprender a honrar nossas mulheres.

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